domingo, fevereiro 27, 2005


As mulheres vítimas de violência doméstica têm alguns aspectos psicológicos comuns



Esta a conclusão, em caixa, da página de uma psicóloga clínica, publicada na Xis do Público deste sábado.

Como não sou psi, penso que o que elas têm em comum é, sobretudo, um biltre que as agride.

Como sou básica, acho curioso que o peso da tradição judaico-cristã na nossa sociedade vá ao ponto de se não questionar, em primeira linha, o que é que “psicologicamente” têm em comum os agressores delas.

A questão primeira que está subjacente ao texto revela bem muitas das premissas de que partimos e a resposta obviamente trágica a que nos conduz.

Há mulheres que morrem por maus tratos físicos, todos os dias.

Causa de morte: aspectos psicológicos comuns.

sexta-feira, fevereiro 25, 2005


Tonto, o cachorro

Olha para o computador com o ar guloso de um cozinheiro antropófago cobiçando a missionária gordalhufa. Posiciona-se para o salto e - catrapus! – abocanha o ecrã.

Memo to Self: Tirar as costeletas voadoras do screensaver.
Another Memo to Self: Sonasol Verde é corrosivo (sabia que devia ter comprado Azul)
Yet Another Memo to Self: Comprar monitor Sony TFT 17, Fnac

quinta-feira, fevereiro 24, 2005


O filho de Gaia...

... está de olho na oportunidade.

quarta-feira, fevereiro 23, 2005


Pequenos Classificados

OFERECE-SE
Menino, 48 anos,
licenciado em Direito,
gosto por comunicação social
experiência variada na utilização da coisa pública
curta estadia na presidência de pequena agremiação desportiva,
procura ocupação compatível.

terça-feira, fevereiro 22, 2005


Já eu é sempre o fêquêpê



Visto que falam em altezas.


E eu era mais a Clarabela



Se o Pateta deixar.


Eu é mais pelo Dorminhoco



Ou o Atchim.


Eu to'ço pelo Ma'ques Mendes...

*

...Está à altu'a do actual pa'tido.

* imagem involuntariamente cedida pelo desBlogueador de conversa

segunda-feira, fevereiro 21, 2005


O teste do algodão: a Edite não engana

Muito português de boa fé crê que o presente estado de graça permite a José Sócrates reunir um executivo escorreito. Que a novel maioria absoluta o liberta de pagar promessas ao aparelho rendido. Que a escumalha (tralha é elogio) não passará.

Céptica, recomendo o teste do algodão, sempre eficaz para avaliar da prevalência das poeiras: se a Edite Estrela for para o governo, estamos conversados.


Oh happy day!



Esta semana tive dias particularmente felizes. Hoje, por exemplo, foram só coisas boas:

1.O partido em que votei ganhou;
2.O Paulo Portas demitiu-se, confessadamente graças a Deus (estou quase a converter-me);
3.O Santana garantiu-me ainda uns dias de gargalhada;
4.E, finalmente, last but not the least, o blog da Vieira completou um lindo ano. Muitos parabéns!

Oh yeah, I know I'm talking about happy days
Oh happy day
Oh yeah, sing it, sing it, sing it, yeah, yeah
Oh happy day
Oh, oh, oh
Oh happy day...

domingo, fevereiro 20, 2005


A rosa de ouro

O primeiro acto político de José Sócrates será a atribuição a Pedro Santana Lopes do galardão que distingue contribuições extraordinárias para o Partido Socialista.

quinta-feira, fevereiro 17, 2005


A lida insana

Hoje encontrei-me com os meus onze anos. Apareceram-me lampeiros a meio do dia de trabalho, e eu que já não me lembrava deles. Apareceram-me pela mão da minha memorável colega de carteira, a Ana Clara, e eu que já não me lembrava dela.

A Ana Clara tinha dezasseis anos numa turma de miúdos de onze ou doze. A turma era gaiata, estudiosa e competitiva. A Ana Clara era bonita e namoradeira. A turma vestia desportivo e jogava voleibol. A Ana Clara vestia sensual e jogava aos amores. A mãe estava no negócio da beleza e ela era uma excelente montra: longa madeixa loira, pele mate, perfeita de fond et de teint, malares esculpidos e olhos de tísica, com uma expressão ligeiramente bovina, que a rapariga era burrinha e com poucos entusiasmos para além da aparência e das lacerações do coração.

O seu universo estava cheio de paixões, protestos de amor eterno, crises sentimentais, rupturas encharcadas em lágrimas, ameaças de suicídio, num permanente novelo. Precisava, naturalmente, de uma confidente, papel bem difícil de preencher em casting de catraios. Coube-me a mim por mor de três qualificações essenciais: altura, talento para primeiros socorros e a superior experiência de vida conferida pela leitura precoce de romances oitocentistas. Que a Ana Clara nada devia a Eugénie Grandet.

E assim o ano dos meus onze anos correu dramático e instrutivo. Entretanto, a vida fluiu e a singularidade que nos aproximara perdeu-se em percursos oblíquos. Restava-me apenas a impressão de que casara cedo, obviamente grávida, e teria mudado para os subúrbios.

Até hoje, que me entrou pela porta. Sucessivos e avassaladores amores depois, com bastas traições de faca e alguidar, depressões e químicos a granel, a morte várias vezes próxima, uma miríade de intervenções e internamentos, esta Ana Clara é um embrulho vazio. Já não mora ninguém dentro do olhar vago da poupée de cire em que se tornou. Curiosamente, a degradação mental não foi acompanhada pelo degenerar físico. Talvez com a idade. Agora, é uma concha bonita e perfeitamente maquilhada, que, à saída, se insinua ao nosso velho porteiro gordalhufo. Ele encolhe a barriga e impa pressuroso e mesureiro, enquanto, ao lado, a companheira comprime a beiça e ajeita mentalmente a adaga na liga. Em segundos, compôs-se um triângulo de ardores. Há coisas que nunca mudam. Malheureuse Eugénie, do alto dos meus onze anos te digo: há mais na vida do que sentir e o destino não existe.


Gentilezas

Da Charlotte, responsável pelo extraordinário corrupio (palettes... Bombíssima) de ontem e hoje.

Do ns da Laranja Amarga, (que é um sweet lion) responsável pelo do passado fim-de-semana e, claro, da rapaziada da via.

Muito obrigada. São uns queridos.

Completando:
(este Technorati não é muito fiável)
E ainda do Puto Paradoxo d' O Blog dos Putos, que veio por caminho d'ouro.

terça-feira, fevereiro 15, 2005


Rescaldo

PSL: Raios, esqueci-me de dizer que andei ao colo da pastorinha, graças a Deus, ao PPD-PSD e a Francisco Sá-Carneiro.
JS: Ó Vitorino, devia ter metido ali um choque qualquer, não achas? Talvez o Chocapic?
JdeS: Tantum, o meu comité central por um Tantum!
PP: Um anel de esmeraldas, talvez, para dar com os olhos dele...
FL: Aqueles gajos não têm legitimidade para falar de dossiers, eles nunca viram um sorriso na cara de uma pasta Ambar.


O vencedor

O otorrinolaringologista de Jerónimo.
Aposto que vai ser o único a ganhar qualquer coisa com este debate-papo.


O momento é difícil

Por todo o país, os indecisos interrogam-se: Judite ou Alberto?


Portas, o coligado de Peniche

Acabou de inferir que o PSD nunca ganhará as eleições. Pede 10% para controlar a maioria do PS. Que proposta mais indecente. A sério... há por aí alguém inane o suficiente para apostar numa coligação PP-PS?


Bomba!

Na falta de maioria absoluta - a qual, generosamente, não pede aos eleitores - PSL irá coligar-se com o PP!
Na oposição?


Falando de Saúde

Portas diz que o CDS está a tirar deputados ao PS à medida que cresce. Vai-se a ver e foi por isso que o Jerónimo deu de frosques, ainda sobrava para ele.


O senhor não conhece os dossiers!

Acusa Louça.
Ó homem, são Ambar, esclarece lesto Santana.


Hoje Louça não se pronuncia sobre o aborto

Por mor da superior legitimidade de Santana.
1-5 é goleada.


Paulinho calado há quinze minutos

Copião! Quer dar uma de Jerónimo!


Ohhhhhhhhh

O Jerónimo vai-se embora. Que falta de sentido estratégico! Acabou de perder as eleições. Com o nosso amor pelos coitadinhos, mais meia hora de silêncio sofrido e a coisa estava no papo. Para além do que não entrava mosca...


O restauro dos sinos

... é, segundo Pedro Santana Lopes, legado do PSD na educação.
Tão-badalão, cabeça de cão, cozido e assado no caldeirão...


Traduzir o sinónimo

Portas, himself.
Doors, ele próprio.


Nós não propomos nada...

... diz ainda Sócrates, reagindo às primeiras palavras audíveis de Jerónimo de Sousa.
Não há como um velho comunista para fazer sangue.


Trinta ianus

... diz Sócrates.
Pode tirar-se o homem de Vilar de Maçada, mas não Vilar de Maçada do homem.


Debatem leve, levemente

Muito me sensibiliza Jerónimo de Sousa, a verdadeira voz da classe operária.

segunda-feira, fevereiro 14, 2005


O milagre das desaparições!

Pedro Santana Lopes e Paulo Portas, dois bons católicos, suspendem a campanha eleitoral hoje e amanhã, em sinal de luto pela morte da vidente Lúcia, falecida aos 97 anos.

E ainda há por aí hereges que reneguem Fátima?

sexta-feira, fevereiro 11, 2005


Canibloguismo

Do Bloff, também conhecido por magnífico RAB, a ilustração que nos dedicaram. Nossa’alma de arquivistas está emocionada...




Lido no engagé Publicus Sociale, o texto definitivo sobre as vantagens de ter Jardim.
(dizem-me que circula há c'anos, mas eu não conhecia e achei pilhas: há-de haver por aí mais distraídos e/ou infor-desfavorecidos, certo?)

11 passos para viabilizar Portugal
Passo 1:
Trocamos a Madeira pela Galiza, têm que levar o Alberto João.
Passo 2:
Os galegos são boa onda, não dão chatices e ainda ficamos com o Dinheiro gerado pela Zara (é só a 3ª maior empresa de vestuário).
A industria têxtil portuguesa é revitalizada.
Espanha fica encurralada pelos bascos e Alberto João.
Passo 3:
Desesperados os espanhóis tentam devolver a Madeira (e Alberto João).
A malta não aceita.
Passo 4:
Oferecem também o País Basco. A malta mantém-se firme e não aceita.
Passo 5:
A Catalunha aproveita a confusão para pedir a independência.
Cada vez mais desesperados os espanhóis oferecem-nos: a Madeira, País Basco e a Catalunha.
A contrapartida é termos que ficar com o Alberto João e os etarras.
A malta arma-se em difícil mas aceita.
Passo 6:
Dá-se a independência ao País Basco, a contrapartida é eles ficarem com o Alberto João.
A malta da ETA pensa que pode bem com ele e aceita sem hesitar.
Sem o Alberto João a Madeira torna-se um paraíso. A Catalunha não causa problemas.
Passo 7:
Afinal a ETA não aguenta com o Alberto João, que entretanto assume o poder.
O país basco pede para se tornar território português.
A malta aceita apesar de estar lá o Alberto João (não há problema - ver passo seguinte)
Passo 8:
No país basco não há carnaval. Alberto João emigra para o Brasil...
Passo 9:
Governo brasileiro pede para voltar a ser território português.
A malta aceita e manda o Alberto João para a Madeira.
Passo 10:
Com os jogadores brasileiros mais os portugueses (e apesar do Alberto João)
Portugal torna-se campeão do mundo de futebol! Alberto João enfraquecido pelos festejos do carnaval na Madeira e Brasil, não aguenta a emoção e sucumbe.
Passo 11:
E todos viveram felizes para sempre!


Em A montanha mágica, Shandy revisited. Há tantos anos que não lia Sterne, muito obrigada pela sentimental journey.

Num dos meus blogs de estimação, Sou portista com muito orgulho, (como me revejo neste nome...) a prova provada da iniquidade lampiona, passe a óbvia redundância (não, não é a da prova provada).

Finalmente, descobri aqui, no blog da noite polar, como se diz guarda-factos em finlandês: vaatekaappi. Obrigada, homem das neves. Numa primeira leitura, depreenderia que fato deve ser kaapi, mas a abordagem mais profunda (cof cof) leva-me a concluir por vate. Porot ovat söpjä!
(espero mesmo que isto queira dizer aquilo)

quarta-feira, fevereiro 09, 2005


Por MIM...

Não bastava Lopes, o inimputável? Quem foi o obtuso que se lembrou de trazer Alberto João à praça nesta campanha? Alguém o alerte que o Movimento Independentista da Madeira venceria com a mais absoluta das maiorias qualquer eleição portuguesa. Mesmo que fosse para eleger o provedor dos leitores do jornal de parede da escola de samba de Fornos de Algodres.

terça-feira, fevereiro 08, 2005


Ouvi ou vi... Jazz

Ouvi primeiro, perdi depois, reencontrei mais tarde In the Sun, há ano e meio. E gostei. Gostei muito. Uma voz simultaneamente cristalina e quente é obra. Sensual e angelical é obra-prima! Jane Monheit, 26 anos, nova-iorquina, confessa fã do genial Tom Jobim e dessa fabulosa e intrigante corrente musical - Bossa Nova -, chegou a gravar dois cativantes temas com Ivan Lins - Once I walked in the sun e Começar de novo. Já bastante conceituada na comunidade jazzística de Nova Iorque, passou, tal como Diana Krall, a ser catalogada no domínio do Pop (i.e. comercial, popular et caetera...). Não vejo mal nisso: afinal a beleza nunca apoucou a qualidade, nem esta tão-pouco cede, forçosamente, à inevitável popularidade. Antes pelo contrário, em muitos perspicazes olhos e tonificados ouvidos.

A propósito, talvez um dia alguém se lembre de acordar assim:


Poor Jane Monheit. She violates two major commandments of jazz: thou shalt not become popular and thou shalt not be pretty. This combination — together with her youth — has evidently created suspicion (and maybe 'sour grapes') in the minds of some jazz fans, critics and even a few musicians. After all, jazz performers must have a daytime gig. Right? Popularity and quality cannot coexist. According to such thinking, since Monheit is a hit in the market place, she must therefore be a 'pop' singer. Additionally, female jazz singers should look like Sarah, Ella, Anita or Dinah. Each of these ladies was certainly fine looking and each is a marvelous singer, but they are not considered pretty in the traditional sense. Again, to such thinking, prettiness and quality also cannot coexist. Jazz singers are not permitted to be both popular and pretty. Strike two for Ms Monheit. (...) Highly recommended.
by Roger Crane

segunda-feira, fevereiro 07, 2005


Que choldraboldra...

Anda muito boa gente, e bem, a discutir isto.
Já os chefes dos principais partidos andam mais preocupados com isto.
Ao problema da tão proclamada crise de representatividade acresce-se, cada vez mais, outro: o da manifesta Incompetência.

domingo, fevereiro 06, 2005


Saudades...!

Parte da minha adolescência ficou para lá do sul, muito para além do Arpoador.
Das feiras no jardim à Rua Maria Quitéria, do estridular dos carrinhos da praça, dos micos de olhos ougados na fruta do conde. Das casas de sucos pegados em cada esquina, da água de coco, dos corpos marrons debruados a nácar, das garotas e dos moleques de Ipanema e Leblon.

Para lá dos chokitos, das balas e da antártica, dos síndicos, dos morros e da praia, o Samba e seus Pagodes são a exacta pulsão deste Carnaval.
E, no Rio, o Carnaval não são três dias: são 358. A labutar.

quinta-feira, fevereiro 03, 2005


Quanto mais debates, menos gosto de ti

A pedido de várias (três são várias) famílias, que não estão para nos aturar nas respectivas salas a desestabilizar-lhes uma leitura séria do debate, o blog Guarda-Factos inicia hoje uma rubrica de enorme interesse público (e brutalmente original). Caro(a)s visitantes, da vossa direita para a esquerda: JoãoG, eminente liberal, Prima, apátrida confessa e Francisca, la Passionaria – o trio de comentadores residentes, que vos vai acompanhar durante a sessão.

Francisca: Pronto, já liguei a televisão. É para comentar isto? Bom, surpreendentemente, o papa ainda mexe, os dumb pollacks são tesos.
JoãoG: (paciente) Mude para o canal 2, Francisca.
Prima: Eu acho que o Sócrates está um bocado avelhentado e este fato castanho não o favorece.
JoãoG: (extremamente paciente) Esse é Vasco Trigo, Prima. As lentes...
Prima: ... estão os dois pálidos e com ar cansado, a maquilhadora é bloquista de certeza. Deuses, a careca do Santana brilha como uma bola de bowling. E depois o gel nos cabelinhos esparsos... o fulano parece coberto de vaselina das sobrancelhas para cima. Porque é que estão ambos a mostrar papéis?
JoãoG: (hiper paciente) Talvez não fosse má ideia ligar o som do televisor.
Prima: Tentei, juro, mas não consigo. Depois do dia que tive hoje, gramar com a voz do Santana seria tipo suplício de Tântalo. Bem, a gravata do Sócrates é muito mais telegénica que a do cabeça de banha. Tchiii... o Rodrigo está com ar chateado, até aposto que os tipinhos já furaram as regras.
Francisca: Desculpem, estive a jantar. Eram bogas, lembrou-me o Barroso.
JoãoG: Cherne, quer dizer.
Francisca: ... quero?
Prima: Isto tem intervalo? Precisava de ir buscar cigarros ao carro.
Francisca: Sabem que está na época da lampreia? Podíamos marcar um jantar para este fim-de-semana.
Prima: Blearghhh. Do ponto de vista mudo, a imagem do Santana passa muito mal. Para além da mona gordurenta, não tem ombros. Não há um assessor de imagem no partido? Com um chumaço em cada ombro e outro na boca o fulano ficava bem mais convincente. E um chumaço na boca ia ajudar imenso à clarificação das ideias do futuro ex-PM.
Francisca: Grnuf blhug pffflut?
Prima: Exactamente!
Francisca: Ah, só podem falar dois minutos e meio? Estes debates à americana não resultam em Portugal. Os palavrosos nem sequer conseguem arrancar dos prolegómenos n'uma hora. Já estou meia a dormir.
Prima: Santócrates, a mãe de todos os indutores de sono?
Francisca: Zzzzz!
Prima: Alguém lhes perguntou quem seria o sucessor se, no futuro, o vencedor perdesse as autárquicas? Ou fosse convidado para um cargo de prestígio internacional? Sei lá, marido da Angelina Jolie, ou assim? Era capaz de ser uma informação importante para o eleitorado indeciso. Imaginem que o Santana diz que era o Gomes da Silva...
Francisca: ... o PSD tinha o grande total de dois votos?
JoãoG: Ou o Sócrates diz que o sucessor é o Vitorino.
Prima: O JoãoG veste-se logo de Angelina Jolie?
Francisca: O Flopes acabou de dizer que o PSD estava a crescer? Ou era a economia?
Prima: ... ou o nariz dele?
Francisca: Espere lá, Prima, não está mesmo a ver o debate, pois não?
Prima: A ver estou, a ouvir não.
Francisca: Também tenho estado a ler umas coisas. Que flop de comentadeiras!
Prima: Ora, o JoãoG tirou notas.

Notas do (super paciente) JoãoG:

A. Intróito
1º JS começa por adoptar o mesmo registo de que acusa PSL: vitimização (cartazes) - estala uma lâmpada... (deve ser do excesso de choques)
2º PSL contra-ataca, auto-vitimando-se: nunca falou em nada! ( e nós acreditamos)
3º PSL: "Eu tenho 20 anos de boîtes (boatos) em cima".
4º JS treplica, auto-auto-vitimizando-se (insinuações sobre a sua [dele]homossexualidade).
5º PSL aproveita a oportunidade para se auto-auto-auto-vitimizar: disseram que eu não paguei impostos...!
6º PSL diz não ter nada contra homossexuais - o debate eleva-se, JS também.
7º JS continua com os boatos: cartazes, campanha negra - começa a ficar crispado
8º PSL não acha nada negro: é democracia à americana!, simples (uncle Sam has large shoulders).

B. Impostos
1º JS (a voz fica rouca): não aumenta nem diminui, antes pelo contrário (???). Este não é o choque fiscal prometido pelo PSD: aumento do IVA, p.e. (how shocking!)
2º PSL não aumenta impostos e confirma que não houve um choque fiscal porque houve um choque de nervos (fundiram-se as lâmpadas do Bagão?).
3º JS, irritado, diz que as promessas do Barroso são da responsabilidade do PSL.
4º PSL confirma, espera que JS também assuma o défice de Guterres (Guterres é um défice, ass. Prima).

C. Pensões
1º JS comove-se com os idosos, com ele a pobreza vai ser exterminada em 4 anos...
2º Ali ao lado, JPP escreve "queicha-se": emendou. (não escreveu nada, vi mal)
3º ... (perdi-me)

D. Aumentos salariais
1º JS: rácio de 1 para 2 na função pública (os dois que saem não vão receber reformas? - pergunto eu).
2º PSL : na governação do PS houve um aumento de 250 mil funcionários públicos!
3º JS: os 250 mil estavam em condições precárias; guerra à burocracia, etc e tal e coisa.

E. Tempo de Reforma
1º PSL só fala de rácios! Diz que quer aumentar a idade da reforma para os 68 anos e quer estimular a natalidade (vai fazer uma vasectomia?) e diz que tem autoridade para falar do assunto... (o Louça fez escola)
JS: é preciso fazer muito mais estudos mas ansiava por ver os velhos a trabalhar de sol a sol.

F. Emprego
1º JS tb critica os jornalistas: põem palavras na minha boca. Quer 25 mil jovens a fazer estágios nas empresas (por este andar, já não existirão 25 mil empresas - digo eu).
2ºPSL: queremos salvaguardas aduaneiras em Bruxelas e cá nós pagamos os estágios, mas só os estágios. (sovina!)
3º JS (reptilíneo) : você confunde tudo!
4º JS: Portugal campeão da Europa do desemprego!
5º PSL: você é a engenharia de obras feitas!

INTERVALO

G. Co-incineração
JS: o problema não foi resolvido, os resíduos orgânicos não podem ser enterrados (???), mas queremos aterros. Já fui alvo de ameaças de aterro.(esse aterro é um gajo lixado)
PSL: Estamos de braços dados com o careca da Quercus - logo, estamos no bom caminho! (carecas unidos, jamais...)

H. Referendos
PSL: referendos para clonagem, aborto, transexualidade, uniões de facto, casamentos entre homossexuais, eutanásia (e para cortes de cabelo oleaginosos?)...
JS: idem idem, aspas, aspas (gostou), embora tenha outras prioridades como o crescimento económico, o combate ao desemprego... (ahahah)
(...)

I. Derrotas para cada um
1º JS: não ganhar as eleições (esperto).
2º PSL: idem (optimista) e se eles ganharem é o guterrismo sem Guterres.
3º JS: o nosso governo não será como o do PSL, será respeitado e o PR não dissolverá o parlamento.
4º PSL: mamã, aquele menino está-me a imitar!

Declarações finais
1º JS: a Economia portuguesa foi a que menos cresceu nestes anos: vamos inverter isso, combater a pobreza e o desemprego e mais umas banalidades que aqui trago decoradas...
2º PSL: Nunca irei embora enquanto PM (só se te mandarem): eu tenho um sonho!!! (é o nosso pesadelo)


1º facto



Na campanha eleitoral para as legislativas de 1999, pela primeira vez, o então PM aceitou um debate televisivo com o Presidente do principal partido da oposição.

Hoje, é o Presidente do principal partido da oposição que aceita, a custo, debater com o PM...


O resto é silêncio



Partilho convosco um conto de José Faria Costa (sob o nome literário de francisco d'eulália), publicado no periódico O Primeiro de Janeiro.

Não posso e não devo acrescentar nada.


No Jardim da Misericórdia

No Jardim da Misericórdia encontrei o Rei dos Álamos. Estava sentado, sozinho. Ninguém lhe falava. Pobre Rei dos Álamos. Perdeu o filho. Perdeu a razão. Perdeu a razão do filho. Mas comigo ria e soltava palavras sábias. Senti-me honrado. Não a todos o Rei dos Álamos dirigia o olhar. E disse-me que a solidão que vivia no Jardim da Misericórdia era o contrário da ingratidão mas estava longe de ser a plenitude. Então, não percebi. E disse-me que o sorriso com que olhava a gente muda era a única maneira de os fazer falar. Então, não percebi. E disse-me que o céu não é mais do que uma linha imaginária que só os impuros redimidos conseguem traçar. Então, não percebi. E disse-me que os anos que passam não são mais do que folhas verdes e radiantes que maldosamente se arrancam à árvore da vida. Então, não percebi. E disse-me que o ouro e os diamantes são brinquedos de deuses maiores mas que não são transmissíveis. Então, não percebi. E disse-me que tivesse sempre o mal diante dos olhos, pois só por ele se chega ao efémero do bem. Então, não percebi. E disse-me que o amor é um desencanto que tem fundamento nas asas da ternura. Então, não percebi. E disse-me que o desatino da vida não era efeito de nada mas causa da imobilidade do pensamento. Então, não percebi. E disse-me que nada nem ninguém pode pedir qualquer coisa a quem quer que seja, pois só o gesto comprometido com o nada tem valor. Então, não percebi. E disse-me que o Sol era um ponto de mil pontos incandescentes e que ia e que vinha e que estava longe de ter o tamanho de um pé. Então, não percebi. E disse-me que os homens e as mulheres não se amam mas toleram-se na crença de amores insípidos. Então, não percebi. E disse-me que a guerra é a continuação absurda do que se quiser mas não da política. Então, não percebi. E disse-me que o ódio é um ramo de giestas amarfanhado pelo vento da insânia. Então, não percebi. E disse-me que a sabedoria era o nada que ficava depois do vento norte ter varrido a erudição. Então, não percebi. E disse-me que deus era o centro infinito de uma esfera infinita que albergava infinitas esferas todas independentes mas todas ligadas. Então, não percebi. E disse-me que os lírios do campo se tingem sempre de amarelo quando cai a flor da misericórdia. Então, não percebi.
Deixei de ir ao Jardim da Misericórdia e passei a vaguear no Jardim da Compaixão, porque disseram que aí passeavam, amorosamente e de braço dado, a Rainha da Loucura e o Rei do Entendimento. Mil vezes os procurei. Mil os não vi. Só um dia, quando o Sol já se queria ir embora, ao longe, vi dois vultos, entre as árvores e deitados nus na relva, que se amavam. Tive a certeza de que eram eles. Por pudor virei a cara e não lhes vi o rosto. E continuei sem perceber.
Uma manhã, cansado de ter andado por todos os outros jardins, voltei ao belo Jardim da Misericórdia. Mal entrei senti que tudo mudara. E então percebi, em fulguração, tudo o que, então, não entendera. O Rei dos Álamos já lá não estava. Não sei para onde fora. Sentei-me no banco em frente da bica de água onde, com ele, passara anos e anos da minha vida. Talvez toda a vida. Sentei-me. Olhei em volta. Olhei para cima por desfastio. E no céu, por entre o esfumado das nuvens, consegui ler: "não tenhas nem peças, fica e vai". Não percebi.

terça-feira, fevereiro 01, 2005


"Quem nasce para burro não chega a cavalo"?



Caro Ed Lopes,

Nunca percebi essa tua alegada popularidade junto do eleitorado feminino.

As mulheres (pelo menos as que conheço) gostam de homens bonitos e/ou inteligentes.

Quanto a beleza – desculpa-me que to diga – estamos conversados: aos olhos redondos e inexpressivos segue-se um nariz de boxeur maltratado e uns lábios grosseiros. Compõe-te essa fácies de pão de quilo um cabelo que – por natureza e opção – há mais de trinta anos já tinha passado de moda no casino da Figueira.

É certo que não tens culpa de ter cara de cavalo, mas isso não legitima tentares promover-te a garanhão.

Quanto ao teu quociente de inteligência… só posso admitir que seja elevado.

Quem, se não um verdadeiro génio, conseguiria sobreviver politicamente com "cada cavadela sua minhoca" on a daily basis?

Quem, se não um verdadeiro génio, teria a sagacidade de perceber a cabala das sondagens?

Quem, se não um verdadeiro génio, teria a inspirada ousadia de passar do argumento da incubadora para o do colo carente de um punhado de mulheres de Braga?

É certo, ó génio, que a tua apagada lâmpada precisa de bastante polimento.

É certo, também, ó génio, que ela está em tão mau estado de conservação que não consegues conceder o mais fácil – ou sequer básico – desejo, súplica de tantos: um mísero "vai-te embora", "desaparece", "põe-te a milhas", "desampara a loja" ou um piedoso "por amor de Deus, cala-te".

Mas persiste, ó génio! Eu sei que a tua auto-estima não permite que te sintas apoucado pelas críticas verrinosas que – só por pura inveja – te tecem cada vez que dizes uma atoarda. E fazes bem.

Nem ligues àquele mirone pacóvio de boné sebento que, em pleno momento de apoteótico colo feminino, rosnou entre dentes:

- Está bem Chicholino, tu não queres colo, o que tu queres é mama!

Sei que tens sido submetido a muitos tratos de polé mas continua a trincar alegremente o freio e se, por ironia do destino, os Torquemadas deste país conseguirem queimar-te, cortando cerce a tua (a)venturosa carreira política, não desanimes! Podes sempre tentar a alta escola.

Franciscanete